sexta-feira, 11 de julho de 2008

Ataque de saudosismo


Alentejo dos loiros trigais
Onde os ceifeiros cantam madrigais.
Alentejo, planura sem fim
Que, cabes todo, dentro de mim!

Mais do que a neve da serra,
Mais do que a espuma do mar,
O Alentejo é brancura
Á luz branca do luar.

Solidão do Alentejo!
Fontes, cruzeiros e alminhas
Cantam ralos e cigarras
No silêncio das tardinhas.

O pastor do Alentejo
Encostado ao seu cajado
Vai namorando a campina
Que é a mesa do seu gado.

Olhos vagos e profundos
Num sonho, distante, imersos,
Há neles mais poesia
Do que num livro de versos!

Alentejo das debulhas,
Das ceifeiras e dos montados,
Dos ranchos de mondadeiras
Fieis aos seus namorados.

E do cavador tisnado
P'lo sol quente do meio-dia,
Rude, franco e altivo,
Fiel á sua Maria.

Alentejo dos sobreiros,
Azinheiras e olivais
Alentejo, minha terra,
Eu quero-te sempre, mais!

Alentejo das searas
Em Abril a ondular!
E das chaminés, branquinhas
Ao sol-posto a fumegar.

Dos tarrinhos de cortiça,
Das samarras e safões,
Dos pastores e dos morais,
Dos manajeiros e dos ganhões,

Símbolos deste Alentejo
Que eu, p'ra bem poder cantar,
Hei-de beijar a planície
De joelhos, a rezar.

Autor : Maria Águeda Lopes Roseiro

2 comentários:

susybordados disse...

também adoro o nosso alentejo
como toda a alentejana que se preze
beijinhos susana

aida disse...

adorei o poema, apesar de já viver a maior parte da minha vida no algarve adoro o Alentejo onde nasci e o meu coração é alentejano. mais uma vez o poema é lindo